Uma pesquisa realizada no Hospital de Clínicas de Porto Alegre evidenciou que as células natural killer (NK), que são parte dos glóbulos brancos, conseguem destruir células cancerígenas em casos de leucemia mielóide aguda. O estudo conduzido pela professora Lucia Silla envolveu 13 pacientes do Serviço de Hematologia do HCPA, que tiveram resposta positiva ao tratamento.
As células natural killer são retiradas de doadores, normalmente de familiares, e postas em cultura antes de serem infundidas no paciente. Este tipo especial de célula tem a capacidade natural de identificar outras células infectadas ou com tumores e destruí-las - por isso o nome “assassinas naturais”. Na prática, é como se uma tropa de elite imunológica de um indivíduo recebesse uma missão especial, passasse um tempo se fortalecendo (em cultura) e depois ingressasse no campo de batalha de um outro organismo para destruir o câncer.
Nos voluntários da pesquisa, realizada no Centro de Processamento Celular Avançado do HCPA, foi observada a remissão da leucemia mielóide após o tratamento."É o primeiro estudo utilizando esta tecnologia feito no mundo, quebrando vários paradigmas do conhecimento sobre a terapia celular, como por exemplo, o desaparecimento de leucemia comprometendo o cérebro - considerado um "santuário" onde se acreditava que células, injetadas na corrente sanguínea, não poderiam entrar", explica a professora.
O artigo Adoptive immunotherapy with double-bright (CD56 bright /CD16 bright ) expanded natural killer cells in patients with relapsed or refractory acute myeloid leukaemia: a proof-of-concept study é de autoria de Lucia Silla, Vanessa Valim, Annelise Pezzi, Maria da Silva, Ianae Wilke, Juliana Nóbrega, Alini Vargas, Bruna Amorin, Bruna Correa, Bruna Zambonato, Fernanda Scherer, Joice Merzoni, Leo Sekine, Helen Huls, Laurence Cooper, Alessandra Paz e Dean Lee e está disponível na plataforma PubMed.
O projeto de pesquisa foi aprovado pelo CEP/HCPA e pela CONEP em 2011.