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Projeto também cria bolsas para funcionários negros de nível médio

A Diretoria de Pesquisa (Dipe) do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), em parceria com o Comitê de Diversidade, Equidade e Inclusão, o Programa de Ações Anti Racistas e apoio da Fundação Médica (FundMed) lançaram nesta quinta-feira (10) duas iniciativas com objetivo de  transformar o cenário de desigualdades relacionadas ao racismo estrutural no âmbito da pesquisa acadêmica. Funcionários negros do hospital poderão concorrer a um edital para estudos sobre a saúde da população negra e a outro que cria bolsas e ações de formação de novos pesquisadores. Ao todo, o investimento será de mais de meio milhão de reais. 

Pelo Edital, serão selecionados até dez projetos de pesquisa sobre saúde da população negra, em seis linhas temáticas: epidemiologia, acesso aos serviços de saúde e qualidade do cuidado, genética e ancestralidade, doenças infectocontagiosas, doenças crônicas e atenção integral à saúde da mulher negra. Já o Programa de Inclusão Científica estabelece até 12 bolsas para que profissionais de nível médio, fora do expediente convencional, atuem no apoio a esses projetos, além de receberem qualificação e treinamentos sobre a atuação como pesquisador. Conforme a diretora de Pesquisa, Ursula Matte, a intenção é capilarizar as atividades de pesquisa na instituição. “Temos um contingente de profissionais que ocupam cargos de nível médio e tem graduações em diferentes áreas. Os editais estimulam essa participação e contribuem para que os estudos sejam cada vez mais democráticos e abranjam temas que são fundamentais, mas que nem sempre tem o destaque que merecem, como saúde da população negra”, explica.

Um dos requisitos é o comprometimento com a divulgação científica das pesquisas, para que os resultados sejam compartilhados com a comunidade. Para a coordenadora do projeto, Emily Ferreira Salles Pilar, é importante que os cursos da área da saúde pesquisem a saúde da população negra, que formam a maioria da população. “A grande motivação é sobre os negros saírem da invisibilidade em várias instâncias, tanto como pesquisadores, tanto como sujeitos de pesquisa”, afirmou.

O diretor-presidente do HCPA, Brasil Silva Neto, destacou a construção coletiva do projeto, que envolveu os trabalhadores negros do HCPA. “É no ambiente acadêmico que necessitamos provocar essas discussões e dar o exemplo para fora (do hospital), para a sociedade como um todo. Não vai existir combate ao preconceito e ao racismo estrutural sem ações estruturadas e sólidas, a partir de um ambiente como o nosso”, disse.

 

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 Fotos: Clóvis Prates/HCPA